ARTIGOS TEOLÓGICOS - PARTE II

ARTIGO 07 – A VALIDADE DA FÉ BÍBLICA


Roberto dos Santos

Uma vez um aluno meu do curso de filosofia no Distrito Federal, perguntou-me se era possível falar sobre Deus na era digital. Simplesmente disse a ele que esta é a melhor época da história para se discutir o problema da validade da fé bíblica , considerando que as contribuições da ciência favoreciam um diálogo melhor para expressar o pensamento do cristianismo. Um dos desafios mais notáveis da igreja frente à modernidade é conciliar teorias científicas hoje vigentes e apoiadas por complexa e moderna tecnologia e os pressupostos de sua fé. Uma coisa é o conhecimento da revelação de Deus , com base nas Escrituras Bíblicas , uma outra , é o conhecimento cientifico fundamentado nos princípios da matemática e da experimentação. Karl Popper , filósofo que se dedicou à Filosofia da Ciência , propôs em seu livro: “A Lógica da Pesquisa Científica” que , para algo ser científico , deveria ser também passível de falsificação. O filósofo Popper explica que, na evolução natural do conhecimento científico, sempre deve haver a possibilidade de se poder provar a sua falsidade, à medida que se acumulam dados experimentais que possam contradizê-las. A seguir, uma nova hipótese é então gerada, que acomoda estes novos dados conflitantes com a primeira idéia e a substitui, permitindo assim o continuo progresso do conhecimento científico. De certo modo, podemos verificar que o conhecimento cientifico é passível de evolução a partir de novas pesquisas ou descobertas acadêmicas, fato esse, que não ocorre com o conhecimento da revelação de Deus na história. Jesus Cristo é o eixo metodológico e epistemológico da doutrina de Deus nos eventos, quer histórico, quer salvifico. Não podemos separar a revelação de Deus da história, mas, também, o que chamamos de revelação é o que fundamenta a fé bíblica do ponto de vista da cristologia. A verdade de Deus, baseada na fé, não é passível de mudança, evolução teórica ou revelacional , pois , o que se pode chamar de fé é o que está contido nas Escrituras Bíblicas , de modo que , a fé como elemento básico do nosso relacionamento com Deus acontece exatamente no momento que o conhecimento do evangelho é nos dado pelo Espírito Santos no ato da conversão Paulo escrevendo aos Romanos, disse: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17). Mas diante da teoria filosófica de Karl Popper, perguntamos: será a fé bíblica algo passível de verificação e mudança? Como responder a questão cientifica de Karl Popper diante dos fundamentos teológicos do cristianismo? Em primeiro lugar, os princípios da verdade teológica são diferentes dos científicos. Os princípios teológicos estão alicerçados nos dados da revelação, enquanto que os científicos nos dados da matemática e da experiência. Em segundo lugar, a fé bíblica não se limita ao campo dos fenômenos naturais, ou seja, ao das leis da física. Mesmo sendo criadas por Deus, as leis que regem o cosmo não podem regular a revelação, isto é , não acrescentam a fé nenhum progresso revelacional se não pedagógico. Na carta aos hebreus lemos: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem” (Hb 11.1). Fundamento e prova, formam o conteúdo teórico e espiritual do cristianismo. Por isso a fé não necessita de progresso teológico ou cientifico; a fé não pode ser alterada e muito menos negada. A fé é simplesmente o resultado definitivo dos dados da revelação bíblica (documentada e proclamada) através do testemunho da igreja ao longo da história. O método do filósofo Popper em relação ao conhecimento do evangelho propriamente dito perde toda sua importância no campo da fé , uma vez que não é necessária a formulação de novos dados a revelação , pois , a fé , em sua estrutura teológico-revelacional contém o conhecimento de Deus no evento salvífico de Jesus Cristo. Concluímos esta reflexão bíblica, citando Paulo aos Gálatas: “Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes,seja anátema” (Gl 1.9). A lógica da fé é a própria fé.

ARTIGO 08 - Cartas de Recomendação e Mudança nas Igrejas Evangélicas


Com o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil , faz-se necessário a exigência da criação de cartas de recomendação e mudança , conforme ficou decido pela Convenção Geral de Obreiros das Assembléias de Deus em 1932 e ratificado pela Convenção de 1933. Escreve Kastberg em 1932: “ Aquele que não é liberto , e nem mesmo o quer ser , não fica livre porque se une a uma Assembléia ou igreja pentecostal. Precisamos , em primeiro ter cuidado quando vierem crentes de outras denominações querendo pertencer à Assembléia de Deus. Precisamos , em segundo lugar, saber o motivo pelo qual eles vêm. Não são poucas as Assembléias que têm sofrido anos por dissensões internas , porque no princípio do trabalho foram aceitos crentes de diversas denominações sem prova , crentes que não eram libertos das suas próprias idéias e tampouco queriam ser livres das mesmas” (História da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil , CPAD , Página 61).

Não somos contra outras denominações evangélicas , mas o que deve ser levado em consideração , especialmente em se tratando da comunhão cristã , é o que diz respeito ao testemunho de pregadores itinerantes e cantores "profissionais" que , de vez enquando , deixa muito a desejar em relação ao testemunho cristão por onde passam.

A Assembléia de Deus no Brasil é uma igreja que prima pela ética cristã e pela ortodoxia bíblica , pois não pode admitir em seus púlpitos ou reuniões pessoas que se dizem cristãs ou líderes , portando idéias contrárias à Palavra de Deus e aos bons costumes da nossa denominação.

Pastores presidentes , pastores de igrejas locais e líderes de departamentos de mocidade , senhoras e outros ministérios locais , precisam urgentemente, exigirem dos crentes itinerantes ou visitantes , Cartas de Recomendação ou Mudança , pois só assim , estaremos prevenindo a igreja do Senhor dos pseudo-irmãos . Não podemos aceitar em nossos púlpitos pregadores e cantores que não professam o mesmo ETHOS ASSEMBLÉIANO.

Roberto dos Santos

Membro da CGADB desde 1985

ARTIGO 09 - Credo do Teólogo Roberto dos Santos


Creio
que Deus revelado em Cristo ,reúne em si , tanto a transcendência quanto a imanência.Para isso o que chamamos de união hipostática é a síntese da transcendência (natureza divina) e da imanência (natureza humana) O que torna o evento de Cristo a pedagogia da revelação.

Creio
que Deus revelado em Cristo,nos identifica com Deus em sua humanidade , quanto nos leva as alturas da divindade. Mas a cristologia não é só a existência de Deus no mundo ou sua participação na história, para que não fiquemos somente no racionalismo evangélico, mas para que alcancemos Deus através de Cristo que nos alcançou em seu nascimento, morte, ressurreição e ascensão.

Creio
que Deus não é uma coisa ou uma antropologia desdivinizada separado do Deus-Homem, mas que Ele é acima de qualquer axioma teológico o Deus nosso , Deus em nós e , por fim , participante da nossa história.

Creio
que Deus criou o mundo, veio ao mundo e está no mundo representado pelo seu povo. Que Deus irá restaurar o mundo e dar sentido a existência.Para isso creio que a cristologia é muito mais do que um estudo sobre Cristo, é na verdade, o estudo da história de Deus na história do homem.

Creio
que Deus é o Deus de sempre , o Deus de amor , o Deus Pai.

O Deus Bíblico e o deus da Física Quântica


ARTIGO 010 - O problema da infinita diferença qualitativa

Ao ler o Mensageiro da Paz, ano 79, número 1.486, de março de 2009, página 14, fiquei incomodado com o seguinte artigo: “Guerra cultural contra valores cristãos se intensificam no ocidente”. Mas não é só isso. O ocidente está sendo atacado por uma cruzada ateísta, anticristã, materialista e agnóstica. A estratégia dos “acadêmicos e intelectuais da mídia e da epistemologia do ceticismo” diz respeito à promoção da pseudociência e a sedução teórica contra a revelação de Deus na história e sua participação no progresso da civilização humana, bem como sua soberania como Criador do universo. É por esta e outras razões que redigir este artigo apologético, visando à cultura e a fé do nosso povo, argumentando também, que a Igreja de Jesus Cristo é composta de profetas e doutores, capazes de dar respostas a altura das grandes heresias científicas do nosso tempo. Daqui para frente, a força do mal irá tentar desconstruir o edifício da fé cuja cabeça é Cristo e tentar reunir “provas” contra a idéia de um Deus Criador e soberano, mas a Igreja estará sempre de sentinela e com os olhos abertos e atentos a evolução do engano.

Na faculdade teológica aprendemos pelo menos duas formas de abordar a doutrina de Deus e sua relação com o universo e o homem: analogia do ser e a analogia da fé. A analogia do ser – que considera poder dizer algo de Deus, de sua natureza, dos seus atributos, partindo do ser das criaturas – é em virtude da infinita diferença qualitativa que separa Deus de suas criaturas e, portanto, também do conhecimento e da linguagem do homem. Já o ponto de vista da analogia da fé, declara o teólogo Battista Mondin, no livro “os Grandes Teólogos do Século Vinte, página 59, editora teológica:” segundo Barth, só a analogia da fé é um método teológico aceitável, porque, de acordo com o teólogo da Basiléia, só a revelação pode fornecer ao homem conceitos análogos de Deus: “A pergunta de como chegamos a conhecer Deus por meio do nosso pensamento e da nossa linguagem, devemos responder que, sozinhos, nós nunca podemos conhecê-lo”.

Parece que através das descobertas científicas a física quântica teoriza que descobriu Deus. Será que a física quântica é capaz de ultrapassar a barreira da infinita diferença qualitativa? Será que os postulados da teologia, tais como a analogia do ser e a analogia da fé caíram por terra diante da nova física? Ou, talvez, podemos pensar: até que ponto a ciência probabilística pode certificar que Deus pode ser verificado? Deus pode ser provado, mensurado, pela ciência? Como? Em quais condições? Se ainda não sabemos muita coisa sobre o universo como saberemos sobre o desconhecido, cientificamente? Aliás, se nada pode ser comparado a Deus, que vantagem tem as pesquisas da física quântica no campo epistemológico da teologia?

Gostaria de citar pelo menos dois livros de renomados acadêmicos: Deus – um delírio, de autoria do cientista Richards Dawkins, editora Companhia das Letras e outro chamado “Carta a uma nação cristã”, do filósofo Sam Herris, da editora Companhia das Letras. Estes dois autores são responsáveis, juntamente com outros, por defender teses contrárias a existência de Deus. Mas o livro que mais me chamou a atenção foi o de autoria do PhD em Física Quântica, Amit Goswami , com o seguinte titulo: “deus não está morto – evidências cientificas da existência divina” , da editora Alefh. Este último, provavelmente, tem sido o mais analisado por mim, pelo fato de tentar apresentar “provas científicas da existência divina”. É claro que o deus do doutor Amit Goswami não é o mesmo Deus da Bíblia, pois o deus identificado parece muito mais com o deus do filósofo Spinoza.

Antes de comentarmos as bases físicas quântica, convém dar uma repassada no que a precedeu na história da ciência para termos uma idéia de sua importância. É claro que faremos apenas uma síntese.

Quando Isaac Newton publicou em 1687 os "Princípios Matemáticos de Filosofia Natural", estabeleceu as bases de uma visão do universo que orientaria a ciência pelos dois séculos seguintes. Esta orientação, convencionalmente chamada de física clássica ou newtoniana, era baseada no chamado determinismo: a idéia de que uma vez estabelecidas às leis naturais que regem as relações de causa e efeito de um fenômeno, era possível determinar matematicamente seu comportamento. O teocentrismo começa ceder lugar ao antropocentrismo como resultado das grandes descobertas cientificas.

O determinismo era então o ápice do pensamento científico, conciliando a tradição filosófica trazida desde Aristóteles, a confirmação empírica defendida por Galileu Galilei e a exatidão matemática estabelecida por Newton.

Até o início do século 20, a física clássica e o determinismo científico reinaram absolutos, quando duas teorias colocaram seus postulados em dúvida. Albert Einstein com sua Teoria da Relatividade contestou as bases da física clássica ao propor que a única constante no universo é a velocidade da luz (E= Mc 2).

Assim, o tempo e o espaço que eram grandezas absolutas nas equações newtonianas passaram a ser relativos. Mas, antes disto, Max Planck, com seu estudo sobre radiação de corpos negros, abriu as portas da ciência para uma visão completamente nova do universo.

Assim como Einstein pôs em dúvida as certezas newtonianas quando aplicadas a grandes distâncias e velocidades, os resultados da pesquisa de Planck questionaram a física clássica no mundo infimamente pequeno das partículas atômicas.

Até então se acreditava que a mecânica destas partículas obedecia aos mesmos princípios válidos para os corpos macro, como definido pelas leis de Newton. No início do século 20, também eram conhecidas e aceitas as leis de Maxwell, que explicavam o comportamento das ondas eletromagnéticas.

O experimento de Planck revelou uma realidade perturbadora para o consenso científico de então. Usando uma montagem de placas geralmente utilizadas para detectar o fenômeno de interferência de ondas, Planck observou o comportamento das partículas atômicas quando submetidas ao mesmo processo.

Como podemos saber pela física de Plank, quando passa pelos orifícios da primeira placa, um feixe de ondas dá origem a dois feixes que interagem entre si, o que termina em um registro na segunda placa das intensidades das ondas que a atingem, definido como uma seqüência de máximos e mínimos, ou seja, um perfil oscilatório. Quando Planck, em vez de usar um emissor de ondas, bombardeou a primeira placa com elétrons e nêutrons, era esperado que os registros dos impactos destas partículas na segunda placa formassem duas concentrações distintas, definidas pelas trajetórias das partículas através dos orifícios.

O surpreendente resultado mostrou um perfil para os impactos das partículas na segunda placa muito semelhante ao apresentado pelas emissões de ondas, com máximos e mínimos de característica tipicamente oscilatória distribuídos ao longo da superfície alvo.

Planck também observou que quando tapava um dos orifícios de modo a ter certeza sobre a trajetória das partículas, estas registravam apenas uma concentração de impactos na segunda placa, evidenciando um comportamento completamente corpuscular, totalmente desprovido das características ondulatórias que demonstrara no teste com dois orifícios.
E o que podemos saber sobre dualidade onda-partícula? Os resultados desta experiência definiram o princípio básico da física quântica, a dualidade onda-partícula, que determina que partículas atômicas podem se comportar tanto como corpos materiais, quanto como ondas.

Mais tarde, o princípio da incerteza de Heisenberg estabeleceu outro postulado importante para a mecânica quântica ao enunciar a impossibilidade de se determinar simultaneamente a posição e a velocidade de uma partícula. Neste caso, a teoria calvinista é refutada pela mecânica quântica.

Este enunciado estabelece a mecânica quântica como uma ciência probabilística, que ocupava o lugar da ciência determinista dos séculos anteriores.

Falar em dualidade e incerteza em oposição ao determinismo, pode dar margem à impressão incorreta de que a física quântica seja alguma forma alternativa de ciência, que rompe com os modelos matemáticos convencionais. Talvez por isto esotéricos, místicos e terapeutas holísticos gostem tanto de citá-la. Mas devemos tomar bastante cuidado porque quando a temática é levada para o campo teológico, principalmente, o que trata da natureza e atributos de Deus, ficamos impressionados com as descobertas científicas, mas elas não podem nos fornecer dados precisos sobre o Ser de Deus e o seu comportamento transcendental-imanente.

Mas a experiência de Planck, aqui resumidamente descrita, nos dá uma idéia do rigor científico e técnico com que a física quântica fundamenta suas teorias, muitas delas hoje comprovadas por modernos equipamentos de teste que permitiram demonstrar a exatidão das equações quânticas.

Foi assim que nosso mundo deu seu primeiro passo para além da certeza determinista da física clássica, para a explorar a terra incerta da realidade quântica. Com Planck e Einstein na posição de vanguarda do grande desbravamento de um Universo com menos certezas, mas de probabilidades infinitas.

A palavra “quântica” (do Latim, quantum) quer dizer quantidade. Na mecânica quântica, esta palavra refere-se a uma unidade discreta que a teoria quântica atribui a certas quantidades físicas, como a energia de um elétron ligado em repouso.

A descoberta de que as ondas eletromagnéticas podem ser explicadas como uma emissão de pacotes de energia (chamados quanta) conduziu ao ramos que lida com sistemas atômicos e subatômicos. Este campo da física mecânica é chamado hoje mecânica quântica. Mas será que é possível a física quântica explicar o maior enigma do universo: Deus?
Quando a Bíblia fala que Deus é Espírito, ela não usa o termo no sentido literal da terminologia bíblica. Espírito é apenas uma palavra dentro da linguagem hermenêutica para situar a divindade para alem do campo natural, físico ou material, mas a idéia ultrapassa todos os limites da física, pois por Espírito, Deus é de uma essência desconhecida. O termo Espírito para Deus é apenas uma metáfora que, em termos matemáticos e lingüísticos, foge toda a investigação teológico - cientifica. Dizer quer Deus é Espírito é dizer que Ele não é de natureza material ou de qualquer outra, mesmo aquela analisada pela física quântica. Matematizar e experimentar Deus é querer reduzir a sua natureza ao campo da ciência probabilística.

Segundo o doutor Amit Goswami: “física quântica é uma ciência física descoberta para explicar a natureza e o comportamento da matéria e da energia na escala de átomos e de partículas subatômicas; mas, agora, acredita-se que se aplique à matéria como um todo” Diferente do motor imóvel de Aristóteles, a causação descendente é a mais nova teoria da física quântica na tentativa de sustentar a descoberta do divino através de experimentos científicos. Só que para o renomado físico o deus descoberto por ele é chamado de “consciência quântica”. Veja o que diz o PhD em física quântica: “Agora, eis os pontos cruciais que merecem ser repetidos: apenas experimentamos um objeto quântico quando optamos por uma faceta específica de sua onda de possibilidades; somente, assim, as possibilidades quânticas de um objeto se transformam em um evento real de nossa experiência. E , no estado que escolhemos , somos todos um: estamos na consciência-Deus. Nosso exercício de escolha, um evento que os físicos quânticos chamam colapso da onda de probabilidades quânticas, é o exercício, por parte de Deus, do poder de causação descendente.” Na verdade o físico quântico está confundindo Deus com os campos mais sutis da natureza, ou melhor, como é que o referido cientista tem absoluta certeza que a causação descendente trata-se de Deus? Como comparar o desconhecido ou o incomensurável com determinadas ondas de probabilidades quânticas? Neste caso, o renomado cientista argumenta através de experimentos científicos por meio da teoria quântica que todas as coisas estão conectadas no que chama de consciência-Deus.

A Bíblia possui um argumento irrefutável contrário a causação descendente em relação a Deus, veja: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor” Isaías 55.8. O que se subentende, teologicamente, é que a lógica divina não se curva ou pode ser comparada as intenções humanas; da mesma forma, são os caminhos de Deus, ou seja, suas metodologias. Sendo assim, Deus não pode em hipótese alguma ser enquadrado, teoricamente, na doutrina quântica da causação descendente, por não fazer parte diretamente do processo de possibilidades da natureza. Ele, sim, está de um certo modo ligado a natureza, mas não como inseparável dela, isto é, como parte integrante de sua evolução natural. Tentar posicionar a divindade, dependente do colapso da onda de probabilidades quânticas é o mesmo que submetê-lo preso entre a eternidade e a teoria do espaço-tempo e matéria, já que a consciência-Deus, postulada pelo cientista indiano atesta sua assinatura cientifica no campo da física quântica.
E agora? O que a teologia tem a nos responder em ralação a física quântica? Em primeiro lugar: precisamos verificar que toda discussão teológica parte do principio da Infinita Diferença Qualitativa. O que isso significa? É que até hoje na história do pensamento teológico só podemos abordar a questão da fé em relação à analogia do ser ou a analogia da fé. Que diferença faz para os estudos teológicos? E o que tem de positivo comparando com a teoria quântica? É que a teoria quântica como a teologia do processo, o teísmo aberto e o panteísmo, baseados em suas doutrinas insensatas procuram identificar o Deus Bíblico, às vezes, com as leis físicas, e outras vezes, até com a própria natureza ou consubstanciado a ela, pois parece que, qualquer eventualidade superior aos princípios observados pela pesquisa da ciência pós-modera ou capaz de gerar sinais inexplicáveis ou probabilísticos, são, de vez enquanto, confundidos com a divindade. O Deus da Bíblia não é o mesmo deus da física quântica; o Deus da Bíblia não pode ser verificado em laboratório científico. Não podemos experimentar Deus cientificamente ou mesmo submetê-lo as leis científicas. O que a física quântica está descobrindo são os mecanismos ou princípios que regem a natureza, e não o Deus que é o seu autor absoluto. Nem a teoria determinista e nem a probabilística podem privar Deus do seu verdadeiro lugar: o inacessível: “o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém! 1 Timóteo 6.16. Onde Deus habita a Causação descendente simplesmente é impossível , não existe , é improvável qualquer acesso. E o pior: qualquer tese que afirme a “verificação divina” ou que “experimentou Deus” através de eventos quânticos pode ter absoluta certeza é pura mitologia da ciência. A única consciência-Deus verificada na existência é o que classifico de argumento transcendental-antropologico (João 1.1-18), baseado na revelação (analogia da fé) e na filosofia (analogia do ser). A maior prova que Deus existe é a que não existe, pois nem mesmo os argumentos racionais em prol da existência de Deus são capazes de superar o Deus desconhecido que só pode ser revelado ou conhecido por ele mesmo e a todos quantos o nosso Deus o chamar ou revelar. Jesus Cristo é a maior revelação de Deus na história( João 1.18). Chamamos essa revelação de Teo-antropologico.

ARTIGO 011 - O Estado e a Soberania Divina

Dr. Roberto dos Santos
Qual o significado teológico da frase

“Bem-aventurado é a nação cujo Deus é o Senhor” ?

A formação religiosa da identidade e da subjetividade de um país constitui um problema teológico para grande parte das igrejas, particularmente para a pentecostal. É que não podemos avaliar o Estado sob o ponto de vista da hermenêutica teológica, tomando por base única e exclusivamente as complexas estruturas sociais e políticas, mas analisar a questão da relação da fé e sua influencia na sociedade evangelizada ou mesmo assistida pelo carisma da Palavra de Deus. A teologia ajuda a compreender a dinâmica entre existência e fé, além de apontar possibilidades de interpretação histórico-teológica diante das estruturas sociais.

De acordo com a Constituição Federal o Estado Brasileiro é laico, não cabendo a ele qualquer envolvimento direto que o comprometa para além do Direito Constitucional. A igreja por outro lado, como já sabemos pelas Escrituras Sagradas é a agência da Graça de Deus, presente na história como voz profética e comissionada pelo Espírito Santo a testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as classes sociais, independentemente de qualquer preferência ideológica ou étnica; a igreja é o Corpo de Cristo que transita na história, especialmente no Estado, como portadora da revelação do Deus vivo teísticamente envolvido com os acontecimentos sociais, ainda que os mesmos não façam parte da agenda profético-escatológica, isto é, mesmo que os resultados por mais positivos que sejam em relação ao Evangelho pregado no Estado não venha significa uma teologia da história do Estado Político constituído pela consolidação do Direito e da Revelação. O programa divino afeta o Estado a partir da ética da Cruz e da sociologia da evangelização.

A teologia possui posições diferenciadas para compreender a relação entre Estado e Igreja, mas podemos dizer que a frase” Bem-aventurada é a Nação cujo Deus é o Senhor”, fornece-nos pelos menos três abordagens teológicas concernente a questão. Sabe-se dos muitos desafios da missão da igreja no Estado. Ainda não foram discutidos todos os desafios e impactos gerais dessa temática que envolve o problema de Deus como Soberano do Estado.
1. A abordagem teológica – Será que é necessário declarar a soberania de Deus dentro do Estado, País ou Nação, independentemente dele ser ou não cristão? Especialmente nesta questão, muitos interpretes do dispensacionalismo ou da teologia do pacto teriam algum tipo de resposta que não comprometesse a imagem de Deus como Absoluto e Totalmente Soberano sobre tudo e todos. Esse negócio ou atitude de fé ou posicionamento pentecostal da soberania ou governo de Deus não invalida a natureza e os atributos divinos quando esses são manifestados pelos eventos sociais do Estado. O certo, segundo a Palavra de Deus, é crer e ensinar que não é o Estado ou a igreja que declara Deus ser ou não Senhor da história. É o próprio Deus por excelência que governa todas as coisas. Deus só elegeu um povo e esse povo é o que chamamos de Israel. Agora forçar a interpretação teológica e dizer que todo Estado onde a igreja tem presente forte é de domínio total de Deus é cair no teologismo barato da política das incertezas. Não é o fato de declarar que o Estado é do Senhor; o fato é saber se a nação é bem-aventurada, se realmente ela coopera para o bem do reino de Deus em dar sentido aos seus atos de cidadania sem perder sua identidade evangélica como instituição profética.

2. A Abordagem Eclesiológica – Se a igreja exerce o seu papel ou ministério de agência da paz e da mensagem do evangelho, promovendo a extensão o reino de Deus entre os homens, ela de fato, compreendeu o Ide de Jesus Cristo e a teologia do kerygma. O texto diz “ Bem-aventurada é a Nação”. A igreja já é bem-aventurada, o que cabe a ela é tornar conhecido a cada oportunidade que tem de postular a presença de Cristo na sociedade através dela. Não existe presença de Cristo na sociedade sem antes haver a comunhão de Cristo na igreja. É através da igreja que Cristo se revela na sociedade. Da mesma forma que Deus é Soberano, entende-se que a igreja deve descortinar a revelação de Deus para o mundo (0 Estado ou a Nação), isto é, dentro dos limites do seu território geográfico. Neste caso, aqui no Brasil, a imagem da igreja será sempre aquela que transpareça a estética da graça e não a política da fé.

3. A Abordagem Cristológica- Por fim, haverá o desafio de confessar a Jesus Cristo como Senhor dentro do contexto geográfico onde a igreja tem presença marcante, mas o que não deve é pensar ou teologizar essa confissão teológica de natureza evangelística a ponto de declarar que o País do qual a igreja faz parte , agora é membro integrante do processo escatológico das Escrituras Sagradas. O evento profético previsto pela Palavra de Deus é de abrangência universal, o que poderia implicar em certa escatologia particular, a parte da revelação geral. Com a presença da igreja no Estado só se pode confessar a Soberania como verdade absoluta no que diz respeito aos decretos divinos universais, e nunca perder a doutrina teológica da presença ontológica (metafísica) de Deus, bem como da epistemológica (histórica) através do seu povo.

ARTIGO 012 - O Teólogo e o Professor de Teologia.


Roberto dos Santos *

Aqui está um ponto de partida, verdadeiro divisor de águas . O teólogo , exerce uma posição especial e superior a do professor de teologia , porque em síntese , ele é responsável pela formação teórica do pensamento cientifico da fé , enquanto que o professor de teologia , em sua tarefa educacional , simplesmente atua como que um mero “diácono” do saber teológico.

Não podemos pensar que todos os professores de teologia são teólogos profissionais , porque na verdade , a maioria apenas transmite o que aprende nas academias. Fico perplexo quando percebo que um professor de teologia , no exercício de sua função , não se enquadra como um teólogo propriamente dito , pois , como vimos , teólogo é o profissional do academicismo da fé , que não somente estuda ou pesquisa as verdades do cristianismo (no nosso caso) , mas, e , principalmente , formula , teoriza , constrói e classifica seus pensamentos a ponto de transformá-los em ciência ou , pelos menos , em discussões acadêmicas.

Ao ser convidado para lecionar como professor visitante de um curso básico de teologia no Seminário Antioquia , sob a responsabilidade do professor Humberto Lúcio , fiquei maravilhado ao ouvir da parte desse estimado homem de Deus a seguinte declaração: “Considero professor de teologia o profissional que aprende como iluminar a seus alunos , enquanto que o teólogo é o responsável por manter o combustível que mantém a suas mentes iluminadas”. Concordei com o nobre colega de magistério , porque o Brasil está com superlotação de “teólogos” , pessoas que se acham no direito de assentar-se nas Catedrais do conhecimento espiritual como se fossem os donos ou proprietários da verdade. Sujeitos assim , na verdade , apenas possuem diplomas e nada mais , e até os títulos que obtiveram , na maioria das vezes , foram alcançados a maneira das artes mágicas de Simão o Encantador. Há muita gente nas igrejas no Brasil , afirmando e dando carteirada eclesiástica , dizendo que são “teólogos” , “cientistas da religião cristã” , “peritos da fé” , mas não passam de sofistas e encantadores da graça barata.

Não podemos crer que teólogo é qualquer pessoa que porta titulo teológico ou “doutorado” por correspondência , sem pelo menos ter sido aprovado por profissionais competentes e ter demonstrado sólida bagagem acadêmica e profundo conhecimento das ciências bíblicas , teológicas e filosóficas.Em minha experiência como pastor , teólogo e professor de teologia , já vir tanta gente que passou por nosso cajado acadêmico , agora são exibicionistas eclesiásticos , guias cegos.

Teólogo não plagia , não usurpa texto alheio ; teólogo é original , idealista , enfim , epistemológico.

Só há duas maneiras de fazer teologia: a primeira é a reconstrução da história do conhecimento teológico e , a segunda , a criação de teologia original. O que passa disso não é digno de louvor.

* Teólogo . Este artigo é parte do sermão de formatura do alunos do curso básico em teologia na cidade de Registro - SP. 10 de julho de 2009.